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“Um dos efeitos do medo é perturbar os sentidos e fazer com que as coisas não pareçam o que são.” – disse Miguel de Cervantes em Dom Quixote, século XVII. O distúrbio do medo patológico pode se apresentar como Fobia Específica, quando o pavor tem um objetivo certo, como por exemplo, medo de animais, de escuridão, de água, altura, etc.
O medo pode ainda se apresentar como Fobia Social, na qual o horror é de sentir-se objeto de observação e avaliação pelos outros como, por exemplo, falar em público, escrever diante dos outros, comer em público, etc. Pode também surgir sob a forma de Ataques de Pânico, onde o paciente passa a ser acometido, de uma hora para outra, de sintomas físicos terríveis, sem que saiba identificar exatamente o que o ameaça.
Alguns cálculos atuais mostram que em torno de 25% da população teve, tem ou terá, em algum momento da vida, um episódio de Fobia. No Brasil, como de praxe, não há números nacionais a respeito do assunto.
Medos e Fobias
O medo, mais precisamente, o medo patológico e que limita de alguma forma a vida das pessoas, vem aparecendo com frequência cada vez maior em consultórios psiquiátricos e clínicas psicológicas. Esse medo patológico se diferencia do medo normal por várias razões:
– Não ter razão objetiva;
– Não tem base na realidade concreta;
– O próprio paciente sabe ser absurdo o que sente;
– Provoca uma aflição (ansiedade) desmedida e
– É acompanhado de sintomas físicos (falta de ar, sudorese, etc.)
A boa notícia é que, ao contrário de antigamente, quando o fóbico ia progressivamente se retraindo e se isolando cada vez mais, hoje em dia um grande contingente de doentes se vê estimulado a procurar ajuda especializada. Essa diferença de postura deve-se, sem dúvida, aos avanços dos novos medicamentos e à eficácia dos tratamentos.
Os quadros de Fobias e de Pânico estão relacionados aos quadros de ansiedade patológica, de angústia e, principalmente, de depressão. Neste caso, de Depressão Atípica.
Em suas manifestações mais agudas, tanto as Fobias quanto o Pânico são altamente limitantes e quase sempre expõem os pacientes a todo tipo de vexames. O medo de elevador pode fazer com que uma pessoa simplesmente se recuse a trabalhar ou morar em edifícios, o medo de avião impede passeios (de toda família), de dirigir o medo é muito mais problemático ainda… Além da sensação de medo, propriamente dita, que aparece durante a circunstância onde se dá a fobia, há ainda o medo antecipatório, fazendo a pessoa suar frio só de pensar em se sentar à direção de um carro.
Na Fobia Social a pessoa é incapaz de conversar com outras pessoas supostamente diferenciadas, como o chefe, por exemplo, ou trocar opiniões com os colegas de trabalho, expor suas ideias numa reunião. O Pânico costuma ser mais incapacitante ainda. Profissionais podem até interromper sua carreira por causa do problema. No Pânico, repentinamente a pessoa começa a tremer, é tomada pela tontura, a pressão arterial dispara, o coração bate descompassado. Os sintomas são parecidos com os de um infarto, e, nesse instante, a morte ou a loucura iminentes parecem certas no pensamento do paciente.
Depois da primeira crise de Pânico o paciente costuma submeter-se a uma batelada de exames clínicos, e embora não haja nada de errado as crises continuam. Um dos piores aspectos do Pânico é o “medo de ter medo”. Apavorada com a ideia de voltar a sentir os sintomas, a pessoa passa a fugir dos ambientes em que os ataques ocorreram, como se tal atitude pudesse evitá-los. É por essa razão que tantas vítimas acabam se trancando em casa.
Além das crises características de Pânico, outros sintomas podem aparecer, como por exemplo o medo de engasgar com um simples grão de feijão, medo de ingerir qualquer comprimido, sensação de se afogar no chuveiro, etc.
Há cerca de um século começaram as primeiras investigações sobre a origem dessas desordens emocionais que atingem milhões de pessoas em todo o mundo. Um ramo da pesquisa, que se utiliza do modelo biopsicológico, derivado da psicologia comportamental, vêm encontrando grande ressonância entre os médicos e terapeutas que lidam com esse assunto. De acordo com esse ponto de vista, o medo patológico é apenas a expressão de uma angústia mais profunda, e não deve ser considerado uma doença em si.
Outro ramo da pesquisa, com visão mais neurológica e orgânica, tenta delimitar as áreas do cérebro responsáveis pelo medo patológico, bem como os elementos cerebrais (neurotransmissores e neuroreceptores) relacionados por ele. Por causa desse tronco da pesquisa científica foram encontradas várias substâncias reconhecidamente eficientes no tratamento do Pânico, da Fobia e da Depressão.
Do ponto de vista neuropsiquiátrico, sabe-se hoje que as amígdalas, que são estruturas cerebrais localizadas na direção das têmporas, têm a função de identificar situações de perigo. Elas enviam ao hipotálamo, local de controle global do sistema endócrino, o sinal para que certas reações sejam deflagradas, como por exemplo, a reação de estresse.
Essas amígdalas reconhecem uma ameaça porque são alimentadas pelo Sistema Límbico, a parte do cérebro que constitui uma espécie de banco de memória das ameaças e perigos à pessoa, portanto, é onde se abriga memória do medo. No Sistema Límbico estão armazenadas as informações que remetem a temores de nossos ancestrais, como os de animais ferozes, do fogo ou escuridão.
Além disso, o Sistema Límbico registra dados que se referem a experiências em que o medo foi adquirido por aprendizado ou por trauma. De acordo com pesquisas recentes, os fóbicos apresentariam uma hiperatividade nessa região do cérebro.
Os pesquisadores agora se empenham na verificação se esse sistema todo seria regulado por duas substâncias, chamadas de neurotransmissores, a serotonina e a noradrenalina. São essas mesmas duas substâncias que se relacionam ao humor e às sensações de prazer e bem-estar.
A constatação de que a serotonina tinha um papel preponderante nesse processo, propiciou a criação de medicamentos que atuam especificamente sobre esse neurotransmissor. A história dos antidepressivos, usados também para combater Fobias e Pânico, está intimamente ligada aos avanços nessa direção.
Já se constatou que o tratamento medicamentoso, baseado nos antidepressivos, é muito mais eficaz quando forem associados a psicoterapia e vice-versa. Isoladamente, tanto os medicamentos quanto a psicoterapia servem mais para controlar a intensidade dos sintomas – o que, sem dúvida, faz uma enorme diferença para os que sofrem desses problemas, mas a resolução definitiva fica muito mais próxima com os dois tipos de tratamento conjuntamente.
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Fobia de Lugares Abertos
A Fobia Social faz com que a pessoa sofra ataques de Pânico cada vez que põe os pés para fora de casa. Inicialmente esse transtorno ansioso começa com uma estranha sensação ao atravessar uma rua, por exemplo, ou ao participar de uma reunião de trabalho ou coisa assim.
A sensação pode ser de uma súbita tontura, uma forte pressão no peito e um pavor irracional de cair no chão. Algumas pessoas começam com uma crise erradamente tida como labirintite.
Esse pode ser o primeiro sinal de que algo esta fora de controle e logo os episódios se tornaram frequentes. O mal-estar volta a aparecer quando a pessoa se sente em situação de tensão, como em supermercados, no trânsito, no banco, no ônibus, avião, etc. Sair de casa se torna um sacrifício.
Na psiquiatria, o medo relacionado a espaços abertos chama-se agorafobia, um transtorno em que 25% da população está sujeita a sofrer pelo menos uma vez na vida. Resumindo, entre essas manifestações da ansiedade patológica estão as chamadas Fobias Específicas. Como o nome diz, são fobias específicas de determinadas situações ou objetos (barata, seringa de injeção, elevador, altura) e onde se encaixa a Fobia Social, que acaba por fazer com que a pessoa tenha verdadeiro pavor de gente e das tarefas sociais banais, como assinar um documento ou comer na frente dos outros, transformam-se num tormento.
Fobia Social
A Fobia Social é o medo patológico de ser avaliado pelos outros quando proceder atitudes em público, tais como comer, beber, escrever, telefonar, enfim, de agir diante dos outros com risco de parecer inadequado. Em casos extremos, pode resultar em total isolamento.
A principal característica dos fóbicos sociais é a ansiedade antecipatória, um mal estar que aparece só de pensar na necessidade de falar em uma reunião marcada para daqui a três semanas, por exemplo, ou de receber uma visita, de ter que ir a um casamento ou coisa assim.
Uma das queixas mais ouvidas na Fobia Social é do tipo: “é só eu sair de casa que as pernas tremem, as mãos suavam, sinto palpitações, falta de ar e sensação de que vou ter alguma coisa”. E o quadro se mantém na rua, no ônibus, dentro da sala de aula, no supermercado, no banco, etc.
O fóbico começa a sofrer desde a hora em que recebe a notícia de seu compromisso e os sintomas crescem como uma bola de neve quanto mais vai se aproximando o momento da provação. Na hora H a pessoa começa a prestar muita atenção no seu desempenho, começa a se preocupar demais com o que os outros estarão pensando e, num círculo vicioso, as coisas tenderão a fugir completamente de controle.
No controle das Fobias, aliar terapia comportamental ao uso de antidepressivos parece ser a chave do sucesso. Na terapia, o paciente aprende a enfrentar situações aterrorizantes, para ele, com mais segurança e a otimismo. Sob o efeito dos remédios, consegue impedir que sintomas físicos, tão desagradáveis, como suar demais ou uma súbita vontade de ir ao banheiro, fujam do controle. Isso acaba por devolver ao paciente a autoestima necessária para sentir segurança naquilo que faz ou fará. Hoje em dia tem se considerado como ideal de tratamento a terapia comportamental ou cognitiva individual, associada a antidepressivos.
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O Medo na Criança
O universo infantil é repleto de monstros e fantasmas, e há uma série de situações em que eles aparecem para amedrontar a criança. Normalmente esses bichos imaginários despertam o medo na criança durante a noite, outras vezes no meio de uma brincadeira, na piscina ou no carrossel.
Como as fantasias e esses medos são praticamente normais nas crianças, os pais devem procurar ajuda no caso do medo começar a provocar alterações na rotina, na atividade social, escolar ou na personalidade da criança. Calcula-se que, no máximo, 5% das crianças que têm pesadelos ou manifestações constantes de medo necessitam de algum tipo de tratamento.
A maioria das crianças, quando acometida por crises de medo noturno, corre para o quarto dos pais no meio da noite. Algumas, portadoras de um medo mais intenso e constante, juntamente com sensação de insegurança, nem se atrevem a começar dormir sozinhas. Antes de qualquer coisa, já começam as noites no quarto dos pais.
Clinicamente, tendo em vista a boa resposta dos casos de medo patológico aos antidepressivos, poderíamos imaginar uma sequência de acontecimentos que terminaria no medo e se iniciaria em um estado afetivo depressivo.
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A Química do Medo
Como o corpo reage numa situação de ameaça, seja ela real ou emocional:
- Cérebro: as estruturas responsáveis por iniciar a reação a estímulos amedrontadores são as amígdalas cerebrais, localizadas na região das têmporas. Elas enviam um sinal ao hipotálamo, região de controle do metabolismo, para que seja intensificada a produção de adrenalina, noradrenalina e acetilcolina. Em uma fração de segundo, a descarga dessas substâncias causa alterações no funcionamento de diversas partes do corpo
- Olhos: a química do medo faz com que as pupilas se dilatem. Isso diminui a capacidade de a pessoa reparar nos detalhes que a cercam, mas aumenta o poder de visão geral. Em tempos ancestrais, esse recurso permitia que o homem identificasse no escuro das cavernas um predador e as possíveis rotas de fuga
- Coração e pulmões: o aumento do nível de adrenalina eleva os batimentos cardíacos. A maior irrigação sanguínea faz com que cérebro e músculos trabalhem mais intensamente, deixando a pessoa alerta e ágil. O fato de o coração bater acelerado exige maior oxigenação daí por que a respiração se torna mais curta, ofegante
- Estômago: muitas pessoas, em situações de medo, sentem dor na região estomacal devido ao aumento na produção de acetilcolina. A liberação em maior quantidade de sucos gástricos acelera a digestão e a transformação dos alimentos em energia. Fonte: Frederico Graeff, Universidade de São Paulo
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Fobia de Assalto em Crianças
Atualmente tem sido relativamente comum crianças com menos de 10 anos sofrendo de Fobia de assalto. Depois da experiência, cada vez mais comum, de ter vivenciado algum assalto ou de ficar sabendo de alguma ocorrência desse tipo em alguém mais próximo, a criança vai ficando cada vez mais com medo, a ponto de sofrer exageradamente.
Nas classificações de transtornos emocionais esse quadro pode ser denominado Transtorno por Estresse Pós-Traumático mas, por razões didáticas, o conceito de fobia pode ser muito bem aplicado aqui. O comportamento dessas crianças começa a mudar. Começam a ter medo de ir para algum cômodo vazio ou escuro da casa, ficam apavorados de sair na rua, aderem insistentemente à mãe ou ao pai, pedem para dormir no quarto dos pais. Posteriormente passam a acordar sobressaltados no meio da noite.
Em seguida, a criança com fobia de assaltos pode deixar de querer ir à escola e de sair para brincar com outras crianças. Manifestam preocupação exagerada pelos pais e irmão e sentem muito medo de que alguém da minha família morra ou seja assaltado.
Fobia ou Medo de Barata?
Muitas pessoas costumam dizer que têm fobia de barata, entretanto, de fato, muitas vezes sentem apenas medo (ou asco) do animalzinho. Para ser considerado Fobia esse sentimento deve ser, primeiro, desproporcional e absurdo. Segundo, a pessoa tem que apresentar os chamados sintomas autonômicos (falta de ar, sudorese, palpitação, mãos frias, etc.) diante da barata. Não é raro as pessoas fazerem um certo escândalo diante da barata, porém, não havendo plateia pegam um chinelo e esmagam o inseto.
O fóbico, entretanto, simplesmente não dorme enquanto não tiver certeza absoluta que o quarto está livre de baratas. Ele passa mal diante da ideia de haver uma barata dentro do quarto, ou da casa.
Fobia e Medo de Dirigir?
Para quem dirige, normalmente sentar-se no banco do carro, dar partida, engatar a marcha e sair com o carro são ações tão naturais e automáticas quanto escovar os dentes ou levar um copo à boca. Entretanto, para muitas pessoas, a simples ideia de guiar um carro pode causar verdadeiro pânico. Algumas pessoas desenvolvem Fobia do volante, mesmo depois de algum tempo de direção normal.
Essas pessoas se sentem incomodadas só de imaginar que poderão cometer alguma imprudência ou negligência, de prejudicar o trânsito e, em seguida, alguém poderá buzinar agravando ainda mais o nervosismo.
Quando esse medo é intransponível e seguido de sintomas autonômicos (falta de ar, sudorese, palpitação, mãos frias, etc.), estamos diante da Fobia, propriamente dita. Quando a pessoa não passa mal mas, apesar disso, evita a todo custo dirigir, então é apenas medo de dirigir.
O medo de dirigir, quando aparece depois da pessoa já ter dirigido normalmente, reflete grande insegurança, e esta, por sua vez, seria consequência de uma baixa autoestima a qual, finalmente, refletiria um estado depressivo. É por isso que o tratamento de escolha para o medo de dirigir é com antidepressivos associados à psicoterapia.
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Medo de Avião
O medo de avião não é exclusividade de quem nunca viajou. Ele afeta indiscriminadamente passageiros novos e veteranos. É um Pânico inexplicável que se manifesta das mais diferentes formas. Em algumas pessoas as mãos suam e gelam antes mesmo de o avião começar a se mover. Outras pessoas sentem palpitações, tonturas e náuseas. Há casos de gente que tem insônia na véspera da viagem, que se caracteriza como ansiedade antecipatória.
Algumas dessas pessoas com medo de avião, simplesmente deixam de voar, outras, curiosamente, desenvolvem um impressionante repertório de superstições para alívio da ansiedade quanto têm mesmo de viajar. Há quem viaja somente na primeira fileira para sair mais rápido em caso de pouso forçado. Outros carregam santinhos, costumam se benzer ou fazer “simpatias”, só embarcam com o pé direito ou evitam ir ao banheiro para não “desequilibrar” a aeronave e coisas assim.
Para quem tem medo de avião, não adianta explicar que apenas um entre trocentos voos acabará em desastre, pois o fóbico sempre viverá na expectativa de que o vôo fatídico será justamente o dele.
Há dois tipos principais de medo de avião. Um deles diz respeito ao pavor de um acidente aéreo, medo da catástrofe. Outro representa o medo de passar mal no avião e não poder ser atendido, não poder mandar o avião parar para descer. Esse último está mais relacionado às síndromes ansiosas, do tipo Pânico ou Fobia.
No primeiro caso, no medo de acidente aéreo, o tratamento de escolha é predominantemente psicoterápico e, de preferência, com a chamada terapia cognitiva. No medo de passar mal no avião e não ser atendido “a tempo”, usa-se com sucesso o tratamento antidepressivo.
Medo Normal e Patológico
Todos nós temos algum grau de ansiedade ou timidez e quando isso se manifesta, normalmente surge uma indefinida sensação de mal-estar. Experimentar ansiedade em certas circunstâncias é benéfico e, de certa forma, até favorece a adaptação do ser humano a novas situações.
O medo ou ansiedade normais e provocado pela necessidade enfrentar uma situação estressante, como por exemplo, fazer uma palestra ou dar uma aula, submeter-se à entrevista para emprego, etc., faz com que a pessoa fique mais alerta, mais preparada e, portanto, mais apta ao sucesso.
Para o fóbico, entretanto, a ansiedade é patológica e não dá bons resultados. Ao contrário, ela compromete o sucesso, paralisa, descompensa e faz perder o controle. Nos casos de Fobia, há uma resposta ansiosa inadequada a determinado estímulo. Nas pessoas normais os mesmo estímulo determinaria uma resposta ansiosa mais adequada.
A Fobia nada mais é do que uma reação ansiosa exagerada, fazendo com que o Sistema Nervoso Central tome por ameaçadoras situações banais e inofensivas do dia-a-dia. Hoje, diante de quadros que fazem a pessoa sentir palpitações, suar em bicas e até perder os movimentos diante de determinadas circunstâncias dá-se o diagnóstico de Fobia. Muitas vezes a Fobia aparece junto com quadros graves de Depressão (em torno de 50% dos casos) e de Síndrome do Pânico (60%), ou leva à dependência de álcool (20%).
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A Personalidade do Fóbico
Recentemente aventou-se a possibilidade dos fóbicos, de maneira geral, apresentarem alguns traços de personalidade em comum. Normalmente, são pessoas que tiveram uma educação rígida, estimuladora da ordem, da consequência e do compromisso. Costumam ser pessoas excessivamente preocupadas com o julgamento alheio, com a opinião dos outros a seu respeito, são perfeccionistas e determinados. Com essas características os portadores de fobia costumam ter alto senso de responsabilidade, bom desempenho profissional e avidez pelos desafios da vida social.
Mas a origem da Fobia ainda é misteriosa, concorrendo para tal, desde a herança genética dos traços ansiosos da personalidade, até a aprendizagem das reações diante do perigo, passando pelas alterações dos neurotransmissores. Geneticamente já se sabe que os filhos de pais fóbicos têm 15% de possibilidade de perpetuar o comportamento na idade adulta. A medicina sabe também que, entre as pessoas com traços de timidez na personalidade, 2% vai desenvolver Fobia Social no decorrer da vida.
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FOBIA SOCIAL
A Fobia Social é, atualmente, o tipo mais comum entre as fobias, chegando a comprometer cerca de 13% da população no decorrer da vida.
A Depressão Grave, o Abuso ou Dependência de Álcool e outros transtornos de ansiedade estão freqüentemente associados aos quadros fóbicos, principalmente à Fobia Social, o que prejudica a evolução e modifica a planificação de tratamento.
As tentativas de suicídio e o suicídio propriamente dito têm incidência elevada nestes pacientes.
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O DSM-IV recomenda os seguintes critérios para o diagnóstico de Fobia Específica:
A. Medo acentuado e persistente, excessivo ou irracional, revelado pela presença ou antecipação de um objeto ou situação fóbica (por ex., voar, alturas, animais, tomar uma injeção, ver sangue).
B. A exposição ao estímulo fóbico provoca, quase que invariavelmente, uma resposta imediata de ansiedade, que pode assumir a forma de um Ataque de Pânico ligado à situação ou predisposto pela situação.
Nota: Em crianças, a ansiedade pode ser expressada por choro, ataques de raiva, imobilidade ou comportamento aderente.
C. O indivíduo reconhece que o medo é excessivo ou irracional.
D. A situação fóbica é evitada ou suportada com intensa ansiedade ou sofrimento.
E. A esquiva, antecipação ansiosa ou sofrimento na situação temida (ou situações) interfere significativamente na rotina normal do indivíduo, em seu funcionamento ocupacional (ou acadêmico) ou em atividades ou relacionamentos sociais, ou existe acentuado sofrimento acerca de ter a fobia.
De modo geral, os pacientes comAnsiedade Social, e/ou Fobia Social, começam a evitar situações sociais que provocam respostas ansiosas desagradáveis e, por trás dessa evitação, surgirá uma sensação de alivio da ansiedade, juntamente com sentimentos de culpa por não estar conseguindo enfrentar o problema eficientemente.
Cada conduta de evitação reforça a fobia e promove sua manutenção, de tal forma que, não tratada, a Fobia Social tende a ser crônica e incapacitante.
Também o Transtorno Ansiosos da Personalidade (conhecida comoTranstorno de Evitação da Personalidade) pode ser perfeitamente identificada com inúmeros casos de timidez, assim como por uma forte tendência de evitação social para aliviar a ansiedade.
A Ansiedade pode se manifestar em três níveis: neuroendócrino, visceral e de consciência. O nível neuroendócrino diz respeito aos efeitos da adrenalina, noradrenalina, glucagon, hormônio anti-diurético e cortisona no organismo.
No plano visceral a Ansiedade corre por conta do Sistema Nervoso Autônomo (SNA), o qual reage se excitando (sistema simpático) na reação de alarme ou relaxando (sistema vagal) nas fase de esgotamento.
Na consciência a Ansiedade se manifesta por dois sentimentos desagradáveis:
1- através da consciência dos sintomas físicos de sudorese, palpitação, inquietação, etc;
2- através da consciência de estar nervoso ou amedrontado.
Alguns pacientes têm sintomas cardiovasculares, tais como palpitações, sudorese ou opressão no peito, outros manifestam sintomas gastrointestinais como náuseas, vômito, diarréia ou vazio no estômago, outros ainda apresentam mal-estar respiratório ou predomínio de tensão muscular exagerada, do tipo espasmo, torcicolo e lombalgia.
Enfim, os sintomas físicos e viscerais variam de pessoa para pessoa. São esses mesmos sintomas que acompanham os pacientes fóbicos.
Segundo Wimer Botura Jr, trata-se, a Fobia Social, de um conjunto de manifestações corporais e comportamentais de medo, notadamente medo da exposição ao julgamento do outro.
Os medos principais na Fobia Social são, por exemplo, medo de falar em público, de aparecer, de expressar as idéias, mostrar alguma obra pessoal e assim por diante.
Por isto que a pessoa pode esquivar-se de compromissos, ou cumpri-los às custas de grande estresse. Esta, na verdade, é conseqüência do medo. Repercussões no equilíbrio da saúde são freqüentes, como excesso de suores, contraturas musculares, dores na nuca e ombros, cefaléia, diarréia, mãos frias manifestações de gastrite, que poderão agravar-se dependendo da freqüência, intensidade e duração a que o indivíduo estiver exposto.
Muitas perdas estão relacionadas ao rendimento nas atividades escolares, na apresentação de trabalhos em grupo, nas próprias reuniões de grupo e em seminários. Por evitar a exposição, a pessoa passa a postergar atividades importantes gerando acúmulo de trabalhos e outras dificuldades que terão que ser solucionadas obrigatoriamente no futuro.
Na questão de encontrar estágios e empregos, a Fobia Social poderá ser trágica, pois freqüentemente, e cada vez mais, nos processos seletivos usam-se recursos de dinâmica de grupo, onde a capacidade de relacionar-se e integrar-se são fundamentais. Nesta hora o curriculum vitae perde todo seu valor. (Veja o artigo de Wimer Botura Jr)
Em Psicosite explica-se muito bem a Fobia Social. Naquele texto lê-se,
“A Fobia Social é o excesso de ansiedade ou medo sofrido por certas pessoas quando observadas por terceiros durante o desempenho de alguma tarefa comum como falar, comer, dirigir, escrever, por exemplo; a ponto de impedir ou prejudicar significativamente a realização dessa tarefa.
Existem duas formas básicas de se definir sintomas psiquiátricos: quanto a qualidade e quanto a intensidade. Quanto a qualidade posso citar o delírio. Ninquém delira em circustâncias normais, o delírio é sempre patológico. Quanto a intensidade posso exemplificar com a tristeza.
É normal ficar triste com a perda de algo ou alguém de valor ou próximo. Mas se essa tristeza se extende por várias semanas e é agravada por outras alterações como perda do interesse pelo que gostava, perda de peso, insônia, sentimentos de culpa, pessimismo, incapacidade de concentração, etc, podemos afirmar que pela intensidade essa “tristeza” é patológica, classificando-a como depressão no sentido psiquiátrico.
No primeiro caso não há continuidade entre o normal e o patológico, no segundo caso existe e a Fobia Socialpertence a esta esta segunda classe sendo caracterizada pela reação desproporcional ao estímulo de ansiedade.
A Fobia Social é essencialmente o excesso de ansiedade enquanto se está sob o olhar de uma ou mais pessoas, pois não podemos afirmar que existam duas qualidades de ansiedade, uma normal outra patológica.
A Fobia Social portanto não pode ser identificada sem seu estímulo, sem a circunstância social, sem a situação desencadeante porque a definição de exagero depende do referencial“.
para referir:
Ballone GJ –Medos, Fobias & Outros Bichos in. PsiqWeb, Internet – disponível emhttp://www.psiqweb.net/, revisto em 2018.
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